Otavinho Frias, dono da Folha de São Paulo, deve estar refletindo
sobre o custo que a partidarização que impôs ao seu jornal vai cobrando à
sua credibilidade. Para usar um jargão jornalístico, ao ter em seu time
de colunistas uma militante política como Eliane Cantanhêde, a Folha
acaba de colher uma volumosa “barriga” (notícia falsa publicada em
destaque).
A “barriga” ocorreu porque, na última segunda feira, esse jornal
jogou lenha em uma fogueira acesa pelo concorrente Estadão na semana
anterior, sobre iminente “racionamento de energia elétrica no país”
devido à falta de chuvas que fez diminuir o nível dos reservatórios das
hidrelétricas.
Confiando no taco da colunista Eliane Cantanhêde, esposa de um dos
marqueteiros do PSDB, o jornal divulgou, no último dia 7, manchete
principal de primeira página difundindo uma suposta “reunião de
emergência” do governo para tratar do tal “risco de racionamento”.
Diante de notícia tão alarmista e divulgada com tanto destaque, o
ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, ligou para Cantanhêde,
autora da matéria em tela, para informar que a reunião não fora
convocada por Dilma e nem era de “emergência”, pois integrava um
cronograma de reuniões ordinárias do Comitê de Monitoramento do Setor
Elétrico (CMSE) que acontece todos os meses. E divulgou, no site do
Ministério, o cronograma de reuniões para 2013.
Veja, abaixo, o cronograma.
Desmontada a farsa da Folha, produzida por Cantanhêde, sobre ser
reunião de “emergência”, a colunista não se deu por vencida e, em sua
coluna da última quinta-feira (10), tentou remendar a “barriga” a que
induziu seu empregador. Veja, abaixo, a coluna.
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Folha de São Paulo10 de janeiro de 2013Eliane Cantanhêde.Aos 45 do segundo tempoBRASÍLIA – Como previsto, o governo tentou desmentir a manchete de segunda da Folha sobre a reunião de emergência do setor elétrico marcada para ontem para discutir o nível preocupante dos reservatórios, ou o que o setor privado vem chamando, talvez com exagero, de “risco de racionamento”.Desmentir notícias desconfortáveis, aliás, é comum a todos os governos: “O que é bom a gente mostra, o que é ruim a gente esconde”.Por isso, guardei uma carta, literalmente, na manga: o e-mail enviado por um dos órgãos participantes às 17h56 da última sexta-feira: “A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE informa aos agentes que a 53ª Assembleia Geral Extraordinária foi transferida para o dia 14 de janeiro [...]. O adiamento deve-se à coincidência da data anterior [9/1] com a reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), convocada pelo Ministério de Minas e Energia”.Não se desmarcam assembleias gerais do dia para a noite, porque elas custam um dinheirão, envolvem dezenas de pessoas na organização, centenas de convidados e deslocamentos. A CCEE só fez isso porque foi convocada de última hora, cinco dias antes, para a reunião de Brasília.O governo, porém, insiste que é coincidência que a reunião ocorra no meio do turbilhão -e da assimetria das chuvas. O ministro Lobão até me disse que estava marcada havia “um ano”. Para comprovar, me remeteu para o cronograma de reuniões no site do ministério.Sim, estava lá, mas o cronograma foi postado no site precisamente às 15h14min30s de segunda, dia 7, horas depois de a manchete da Folha sacudir o governo, o setor, talvez o leitor/consumidor.Há muito o que discutir: as falhas do sistema, a falta de planejamento, a birra de são Pedro, os custos das térmicas e, enfim, como ser transparente com indústrias, concessionárias e usuários. Aliás, uma obrigação de qualquer governo.
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Nem seria necessário mais nada para entender que a tese salvacionista
de Cantanhêde não se sustentava, pois bastaria ver o cronograma de
reuniões do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico para saber se,
como a colunista insinuou, tal cronograma fora composto às pressas para
desmentir a tese da “reunião de emergência”.
O Ministério das Minas e Energia, porém, antecipou-se ao que este
blog iria publicar e enviou carta ao jornal provando que nunca houve
reunião de emergência alguma, conforme a “barriga” que o veículo cometeu
sob influência de sua colunista. Sem remédio, a Folha publicou a carta
em sua edição desta sexta-feira. Veja, abaixo, a manifestação do
Ministério.
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Folha de São Paulo11 de janeiro de 2013Painel do LeitorEnergiaNo dia 7/1, a Folha publicou a seguinte manchete de capa: “Escassez de luz faz Dilma convocar o setor elétrico”, com o subtítulo “Reunião de emergência discutirá propostas para evitar riscos de racionamento”. O texto remetia para reportagem em “Mercado” sob o título “Racionamento de luz acende sinal amarelo”.Tratava-se de uma desinformação. Na mesma data da publicação, preocupado com a repercussão da reportagem, principalmente nas Bolsas, o ministro Edison Lobão, em telefonema à autora da reportagem, a jornalista Eliane Cantanhêde, esclareceu que a reunião em referência não fora convocada pela presidenta da República, nem tinha caráter de emergência. Tratava-se, conforme relatou, de reunião ordinária do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), marcada desde o ano passado.Além desses esclarecimentos não terem sido prestados na reportagem sobre o assunto publicada em 8/1 (“Lobão confirma reunião, mas descarta riscos”, “Mercado”), a jornalista, na coluna “Aos 45 do segundo tempo” (“Opinião”, ontem), põe em dúvida a veracidade das informações do Ministério de Minas e Energia. Para que não reste dúvida sobre o assunto, consta na ata da 122ª Reunião do CMSE, realizada em 13/12/2012, precisamente no item 12, a decisão de realizar no dia 9/1/2013 a referida reunião ordinária.Antonio Carlos Lima, da Assessoria de Comunicação Social do Ministério de Minas e Energia (Brasília, DF)
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Como este blog opinou no texto Imprensa tucana inventa apagão para tentar sabotar a economia,
o Ministério das Minas e Energia também entendeu que a matéria tinha,
se não objetivo, ao menos potencial para tumultuar a economia, do que
decorreu queda do valor das ações das empresas geradoras de energia, as
quais, desfeita a farsa, recuperaram-se na última quinta-feira.
O mais engraçado mesmo, porém, foi a tréplica de Eliane Cantanhêde
tentando salvar sua matéria irresponsável, alarmista, criminosa mesmo.
Leia abaixo.
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Folha de São Paulo11 de janeiro de 2013Painel do LeitorRESPOSTA DA JORNALISTA ELIANE CANTANHÊDE – De fato, a reunião foi marcada em dezembro, mas, diante dos níveis preocupantes dos reservatórios, ganhou caráter emergencial – evidenciado pela intensa movimentação do governo. A Folha contemplou no dia 8/1 a versão do ministro de que não havia risco de racionamento.
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É piada, não é mesmo? A matéria de Cantanhêde na Folha do dia 7 não
disse que a reunião “ganhou caráter emergencial” devido aos “níveis
preocupantes dos reservatórios”; disse que era de emergência, convocada
às pressas. Não foi por outra razão que a própria Folha retificou a
matéria mentirosa e alarmista logo abaixo da resposta de sua colunista,
na seção “Erramos”.
Veja, abaixo, a retratação da Folha – obviamente que sem o destaque
que o jornal deu à “barriga” que cometeu por obra e graça de uma
“jornalista” cujo trabalho, há muito, pauta-se por motivações
político-partidárias, para dizer o mínimo.
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Folha de São Paulo11 de janeiro de 2013Seção “Erramos”MERCADO (7.JAN, PÁG. B1) A reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico havia sido marcada em 13 de dezembro de 2012, e não neste ano, conforme informou a reportagem “Racionamento de luz acende sinal amarelo”, de Eliane Cantanhêde.
Um comentário:
Criatura!...
Fico abismada com o tamanho da sem vergonhice dessa gente. Mentem na cara dura, ardilosamente, achando que todo mundo é tonto, ingênuo e manipulável.
Como poderíamos ser assim tão tolinhos, vizinhos que somos da Venezuela, da Argentina, da Colômbia, da Bolívia, de Cuba!
Imagine!...
Qualquer pessoa, por mais simples que seja, já acessa a Internet, já tem outros meios de se informar, - - por favor!...
Ah, que essa gente inútil devia se preservar mais, já que seus negócios estáo com os dias contados, os efeitos colaterais da WEB são letais, e inexoráveis.
Mais dia, menos dia, os castelos de areia da midia golpista se dissolverão por completo, e eles náo farão qualquer diferença diante dos magníficos blogueiros da atualidade, gente cheia de conhecimento e ideais, gente que veio para ser o divisor de águas no novo momento cósmico da informação.
Adios, PiG....
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